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segunda-feira, 1 de abril de 2013

Chão de lume / Fire Floor

Temperatura Máxima_Ground Zero

Hoje acordei com frio. Aquele frio que me habita os ossos, nas manhãs em que o dia não sabe como vai ser.
Senti aquele gelo que me poupa as mãos, mas envolve a alma sem avisar.

O chão de lume ainda não está gasto, foi feito de novo em material resistente.
A lenha crepita por debaixo do velho fumeiro. Velho não, velho só de memórias – lembro-me de quando não conseguia alcançar a umbreira nem em bicos de pés; agora por pouco não preciso de me agachar.
A lenha arde, aqueço as mãos, enquanto espero que fiquem brasas, ainda fazem os melhores churrascos.
Aqui nunca faltou lenha, nem brasas, nem o que colocar na grelha.

E é então que o frio volta. Lembro-me de que há chãos de lume onde já não há aromas como este, em alguns ainda há lenha para aquecer, mas falta já o calor para o estômago.
E com mais frio ainda fico, quando sei que chãos de lume há, onde não há calor para a alma, apenas o eco das vozes os habita, como se fossem velhos fantasmas…

*-*
Today I woke up feeling cold. That sort of cold that inhabits the bones in the morning when the day does not know how it’s going to be.
I felt that ice that saves my hands, but involves the soul, unannounced.

The fire floor is not worn, it was made ​​ again with resistant material.
The crackling wood beneath the old smokehouse. Not old, just old memories - I remember when I couldn’t reach the top even on tiptoe, now it barely makes me squat.
The wood burns, warms up my hands, while I expect for the charcoal, they still make the best barbecue.
Here it never lacked firewood or charcoal, or what to put on the grill.

And that's when the cold returns. I remember that there are fire floors where there is no longer aromas like this one, there are still some firewood to heat, but now lack the warmth to the stomach.
And colder still I get when I know that there are fire floors, where there is no heat to the soul, but the echo of the voices inhabits, like old ghosts ...

10 comentários:

  1. Não gosto desse frio... será por ter nascido no verão?
    Mas não tenho nada contra este lume!
    :)

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  2. Chão de lume significante, faz-nos arrefecer e de seguida aquecer, acho que é um ciclo vicioso.
    abraço.

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  3. Belo texto, se eu soubesse escrever como você eu teria o mesmo olhar do seu novo perfil. que gostei.

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  4. O alimento para o lume, afinal, nem sempre arde e nem sempre aquece...
    Fez-me reflectir sobre as chamas que ardem com tanta violência que não podem durar.
    Muito belo, Isa.

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  5. Que lindo texto...melancolia que vem com o frio como o passado que resiste em lembranças.

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  6. Frio que não aquece mas envolve a alma. Chão de lume sem aromas ....

    E, infelizmente, vai faltando o calor para o estômago.

    Beijinho

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  7. um belo texto.
    confesso que não gosto de sentir frio, mas esse que julguei interpretar, ainda gosto menos.
    um beijo

    :)

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  8. A Primavera se tiver que arder

    que arda
    pior será tremer no Verão

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  9. .

    .

    . belíssimo texto . no tom e no dom do desafogo .

    .

    . frio . ao ponto de me aquecer a alma . pela conivência .

    .

    . um beijo meu .

    .

    .

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  10. Muito bom. O gelo habitando a alma e a incerteza de como será o dia, envolve muito mais que o pensamento, deixa a vida a refletir e essa reflexão passeia entre frios e calores.
    Beijos na alma, Isa.

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