Quem lê / Who's reading

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Árvores de Inverno / Winter trees

As árvores destacam-se nesta paisagem de Inverno seco. Destacam-se pelos ramos despidos de folhas, sem vislumbre da promessa da Primavera de calendário que se vai aproximando.

Poder-se-ia pensar que forma um quadro melancólico. Mas na realidade, não. Não é assim que as olho. Não consigo deixar de sentir um certo fascínio pelos ramos nus, expostos numa harmonia desconcertante.

O despojo não diminuiu a sua presença, os troncos continuam firmemente cravados na terra. Os galhos formam um bouquet sem flores. Sem flores, mas com toda a sua majestade intacta.

... Como que a lembrar que é a seiva que as torna belas.

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The trees stand out in this dry winter landscape. Distinguished by branches stripped of leaves, no glimpse of the promise of Spring, approaching in the calendar.

This might be found has as a gloomy picture. But not really. I don't see them like that. I can't help but feel a certain fascination with their bare branches, displaying a disconcerting harmony.

The loss has not diminished their presence, the trunks remain firmly fixed on the ground. The branches form a bouquet without flowers. No flowers, but with all its majesty intact.

... As if to remind that it is the sap that makes them beautiful.


Árvores de Inverno, Isa Lisboa

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Estranha forma de amor / Strange way of love

"Era um homem sui generis: nunca beijou a sua mulher, mas matou o primeiro homem que o fez."
Consigo imaginar este homem, preso na distância (auto)imposta, surdo pelo silêncio que ordenou a si próprio. 
Ou talvez não, talvez seja apenas o meu eterno optimismo a falar. 
Talvez ele não pensasse no que é ou podia ser, apenas no que parece e não pode parecer.
Estranha forma de amor esta. Amor...?


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"He was a sui generis man: never kissed his wife, but killed the first man who did it."
I can imagine this man, trapped in the (self)imposed distance, deaf by the silence he instructed him self. 
Or maybe not, maybe it's only my eternal optimism talking. 
Maybe he wasn't thinking about what it could be, only about what it appears to be and cannot be seen.
Strange way of love, this one. Love...?

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Chá de manteiga / Butter tea

Imagem da web


A mente é como uma chávena de chá de manteiga. Se não parares de deitar chá, ela transborda. E para vermos a verdade, é necessário esvaziar a chávena. Num mundo em que é tão fácil transbordar, foi bom recordar este pedaço de sabedoria.

The mind is like a cup of butter tea. If you don't stop pouring tea, it will overflow. And, in order to see the truth, we must empty the cup. In a world were it is so easy to overflow, it's been nice to remember this piece of wisdom.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Frio / Cold

Hoje está frio. Sinto-o na pele.

Na TV, fala-se de estatísticas, fazem-se títulos com a palavra pobreza.
São números e palavras, que não expressam o sentido.
O olhar de uma criança que olha para mim, com olhos tristes. Diz-me uma frase tão simples, vê algo naquela pessoa sentada naquele banco de jardim. Naquela fracção de tempo fico surpreendida. A frase ecoa, no entanto. Levantou-se a correr, foi embora com os pais, que a chamaram apressadamente. Não pude saber como se chamava a pequena boneca de cabelos desgrenhados, com poucas roupas, se tivesse expressão nos olhos, seria certamente tão triste como o das mãos que a seguravam.
Recuo mais no tempo, até ao Santuário de Fátima, estou no meio do recinto. Um homem e um menino à distância, distância suficiente para ver o homem a gritar com o filho, a empurrá-lo sem cuidado.  Até que vê quem ali procurava, turistas. E aproxima-se, agora com a criança pela mão, fazendo certamente um discurso estudado e gasto. Estava num local de culto, mas não era Deus quem segurava a mão daquela criança, era um homem. Um homem em quem vi a pobreza que não vejo na TV. Aquela que não se vê... Não por estar escondida, mas porque não se mede em números...

Hoje está frio. Sinto-o nos ossos, sinto-o na alma!

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Today it is cold. I can feel it in my skin.

On TV, they talk about statístics, headlines with the word poverty.
It's numbers and words, which do not show the meaning.
The look on a child's face, looking at me, with her sad eyes. She tells me something so simple, she sees something in that person, seating next to her on that bench. In that time fraction, I'm surprised. The sentece made an eco, though. She got up, running, went to her parents, who called her, in a hurry. I couldn't know what was the name of the little doll with messy hair, with so few clothes, if she had any expression in her eyes, it would certainly be as sad as the one in the hands holding it.
Further back in time, I'm in Fátima's Sanctuary, in the middle of the area. A men and a boy, far, far enough so that I can see him shouting at his son, pushing him careless. And then he sees what he's looking for: tourists. And he goes closer, now holding the child's hand, certainly making a studyied ang used speech. I was in a place of worship, mas God wasn't the one holding the child's hand, it was a men. A men in who I saw the poverty I can't see in TV. The one that is not seen... Not because it's hidden, but because it can't be measured in numbers....

It is cold today. I can feel it my bones, I can feel it in my soul!



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