Quem lê / Who's reading

sábado, 10 de maio de 2014

Raízes

Há dias decidi mudar de vaso uma das plantas da minha varanda. Era uma tarefa que tinha vindo a adiar... O vaso estava já meio partido, já há algum tempo que a terra daquela planta não era trocada. Precisava mesmo do transplante. Mas a planta continuava a aparentar estar bem, continuava verde, parecia saudável. Não me parecia urgente.

Mas ao libertá-la finalmente daquele vaso, vi que que a sua base se tinha tornado num vaso de raízes. Pesadas. Apertando-se umas às outras. Pareciam sufocar a própria terra, a tal ponto que parecia não haver espaço para ela. E algumas das raízes estavam secas e sem vida. Puxei-as, e algumas cederam com facilidade. Assim encontrei também espaço para retirar a terra que envolviam. 

Neste momento, a planta já está num vaso novo, com terra nova. E, parece-me a mim, mais feliz e mais saudável. Com as raízes que estavam saudáveis. Que parecem estar a fincar-se bem à terra. Pelo sim, pelo não, vou dando uma vista de olhos mais atenta nos próximos tempos.

E, enquanto isso, parti o meu próprio vaso e ando à procura das raízes que já não são minhas e que já não levam a seiva. Depois é só ter força para as arrancar. 

Foto: por Isa Lisboa



domingo, 4 de maio de 2014

Ainda a Liberdade

Foto: correntes-paraty_Ricardo Castro
…Ainda a liberdade.
Vi há pouco tempo o filme Rio 2. Uma das personagens tem-me feito pensar, especialmente nestes dias recentes em que celebramos dias representativos de renovação e liberdade.
O personagem era um papa-formigas que trabalhava para um humano num mercado de rua, dançando para os turistas. Estava preso à bancada em cima da qual exibia, sob ameaça esse seu talento.
Na banqueta ao lado, actuava um dos vilões da história que, após algumas peripécias, acaba por se libertar, a ele e aos outros animais do jugo humano.
Ora é aqui que a reviravolta na história não se dá para o nosso papa-formigas.
Porque a partir daqui ele continua a acompanhar o vilão e fica agora refém das ordens deste, sem sequer precisar de corda.
Desde transportá-lo no dorso até seguir as suas ordens em tarefas de vingança, o papa-formigas encontra um novo opressor, sem parecer perceber isso e, até, aceitando a sua sorte.

Sendo esta personagem uma caricatura, ainda assim tem-me feito perguntar: E nós, lidamos assim tão bem com a nossa liberdade?
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