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terça-feira, 25 de setembro de 2012

Sinto-me Outono / I feel Autumn

Imagem da Web

Chegou o Outono. No calendário e nos dias, que se vêm já mais curtos, com menos sol, com a chuva tímida (ainda) a começar a cair. 
O Verão, fulgurante, apenas voltará no próximo ano.
E eu, que sou Primavera, sinto-me também agora Outono.
Sinto o corpo como a vida de Outono, como que a começar a preparar-se para a hibernação.
Não sinto as plantas a despontar por entre os sulcos da terra, não vejo o colorido das flores.
Cores, vejo-as: castanhos, dourados, cor de terra. Nas folhas que começarão a atapetar a minha passagem, que parece me atapetam já a mim, nesta estação que me envolve mais que eu queria.
Também são bonitas, estas cores, a preparar as árvores de Inverno, surpreendentemente belas na sua nudez. Talvez que no Inverno hiberne. E talvez que acorde na Primavera, aquela cuja brisa me afaga a pele e me desalinha os cabelos.
Talvez...
Mas por ora, ainda é Outono... 

*******


Autumn has arrived. On the calendar, on the shorter days, with less sun, the (yet) shy  rain  which starts falling.
The summer, dazzling, will come back only next year.
And I, who am Spring, I'm also Autumn now .
I feel my body as the life of Autumn, the life that begins preparing for hibernation.
I do not feel the plants emerging among the furrows of the earth, I don't see the colourful flowers.
Colours, I see them: brown, golden, the color of earth. In the leaves that begin to leave a carpet on my passage, they seem to leave a carpet on me, this season that involves me more than I wanted.
Also beautiful are these colours, preparing for winter trees, amazingly beautiful in their nakedness. Maybe I will hibernate in Winter. And maybe I wake up in the Spring, whose breeze caresses my skin and  misaligns my hair.
Maybe ...
But for now, it is still Autumn ...


domingo, 9 de setembro de 2012

Silly season

A silly season acabou e, exercendo o meu direito ao contraditório, vou gozar duas semanas de silly days. 

Silly days que se afiguram dificeis nesta reentré que começa com mais 7%. 

Sempre gostei do número 7, talvez pelo significado místico que tem, e o misticismo calha-me bem, a contrastar com o meu lado racional, que advém talvez da matemática, ou talvez a matemática advenha dele. 

Preciso de equilíbrios. Creio que o procuro nas linhas que escrevo, deixando assim correr em tinta esse outro lado de mim.

No entanto, hoje, o sete não se me afigura místico, a balança parece um pouco desequilibrada, e nesta rentré surgem sentimentos que na realidade nunca me deixaram, sentimentos agridoces e interrogativos por este cantinho junto ao mar.

Reli hoje um poema de Ana Paula Inácio que resume um pouco do que me vai na alma, que não sei se a camisola ainda me serve...:

Como vais tu morrer
em portugal
que te assenta de igual modo à camisola
que lavaste no programa errado;
Como vais vender os teus versos
ao preço da chuva
num país de cheias 
e lágrimas fáceis;
Como vão as tuas palavras arder no coração daqueles
que vêm as florestas
sucumbir ao fogo
todos os verões;
Como vais ficar em nada
como o gelo no whisky
no copo da mulher
que o teu marido ama;
Como vais, tu, abrir os braços
se só já tens penas
como o pobre Garção?

Ana Paula Inácio




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