Quem lê / Who's reading

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Liberdade, em Abril

Foto: Café Portugal



Liberdade. Esta palavra estava aqui a pedir-me caneta.
Pelo dia que é, certamente. Celebram-se 40 anos desde o dia em que Portugal gritou esta palavra ao som de “Grândola vila morena” e de “Depois do adeus”.
Nasci 5 anos depois de Abril e não sei vivê-lo como os militares e os militantes de Abril. Sei Abril pelos livros de história, documentários e séries históricas que têm feito presença na TV nos últimos tempos. Sei-o pelo que oiço contar de pessoas que viveram antes e depois de Abril. Que viveram a face que sempre me custará mais a compreender: a guerra colonial.
Juntando estes relatos, vejo pelo menos dois Portugais diferentes: o Portugal rural, onde uma sardinha era partilhada para dois. E a parte da cabeça, numa sardinha cortada acima do meio, era para quem a cortava. O Portugal dos homens que partiam, meses a fio, para trabalhar na capital. Dos meninos que com eles seguiam ainda cedo. Das meninas que ficavam para os trabalhos no campo, ajudando as esposas que ficavam.
Do campo que também conhecia a polícia política, que não queria desagravos com os agentes, a modo de não ser denunciado por algo que dissera, fosse com ou sem intenção.
E o Portugal das Universidades e de todos os meios onde a agitação e o inconformismo ia dormindo. E as prisões políticas, e o exílio. E ao longo de todo este Portugal, os livros da 1ªa e 4ª classe, ensinando como o Império é grande. Os livros que se liam debaixo da cruz pendurada na parede de frente para os alunos.
H´á muitas opiniões sobre Abril, uns acham que Abril se cumpriu, outros que ainda está por cumprir. Alguns que preferiam o tempo antes de Abril, outros que defendem que estamos melhor, ainda que o clima actual envolva alguma desilusão.
Eu que não sou filha de Abril, acho que Abril se cumpriu. Mas agora cabe a este Portugal que somos cumprir-se.

E, depois de Abril, sinto-me feliz por poder escrever estas palavras sem lápis azul.

13 comentários:

  1. Isa,

    Era eu uma criança e da revolução nada sei senão o que, como tu, descubro nos livros de história. Sei apenas o danos que o regime pré-revolução causou... perto de mim... e sei que a palavra "liberdade" é utilizada "a torto e a direito" por quem lhe esqueceu o sentido...
    Escrever estas palavras é liberdade!


    Falhas haverá sempre por parte de todos os sistemas políticos. Nenhum é perfeito! Mas há algo que não tem preço: poder dizer hoje o que se pensa sem correr o risco de ser repreendido...

    Obrigada a quem lutou por esse direito!
    Obrigada a ti por nos relembrar o significado desta tão bela palavra!

    Beijinhos!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Os sistemas políticos serão talvez como as pessoas... Não os há perfeitos! :)
      Obrigada pela leitura, Dulce! Um beijinho

      Eliminar
  2. Liberdade é fundamental!
    Parabéns pelo Belo Site e excelentes postagens, Isa!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É fundamental mesmo!
      Obrigada, EP! Fico feliz que goste deste epaço,. sinta-se sempre aqui bem vindo! :)

      Eliminar
  3. essa liberdade de escrever e dizer, se fosse única, já teria valido a pena

    um abraço, Isa

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Creio que, ainda assim, vai valendo a pena...!
      Abraço, Manuela

      Eliminar
  4. .

    .

    . a um de maio . ainda cheira a abril . :) .

    .

    . um beijo meu .

    .

    .

    ResponderEliminar
  5. Boa tarde,
    quem ficou com saudades do antes de Abril é uma pessoa que gosta de ser submisso, nada sabe do desenvolvimento que Portugal teve depois do de Abril.
    Dia feliz
    ag
    http://momentosagomes-ag.blogspot.pt/

    ResponderEliminar

Um espaço para outros olhares...
Obrigada pela visita!
This is a space for other looks on the world...
Thank you for your visit!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Mensagens populares