Quem lê / Who's reading

domingo, 27 de outubro de 2013

Parábolas - O anel do rei

O Anel do Rei

book-words-skipping_iane machado
Era uma vez um rei sábio e bom que já se encontrava no fim da vida.
Um dia, pressentindo a iminência da morte, chamou o seu único filho, que o sucederia no trono, e do dedo tirou um anel.
- Meu filho, quando fores rei, leva sempre contigo este anel. Nele há uma inscrição. Quando viveres situações extremas de glória ou de dor, tira-o e lê o que há nele.
O rei morreu e o filho passou a reinar em seu lugar, usando sempre o anel que o pai lhe deixara.
Passado algum tempo, surgiram conflitos com um reino vizinho que desencadearam uma terrível guerra.
À frente do seu exército, o jovem rei partiu para enfrentar o inimigo. No auge da batalha, vendo os companheiros lutarem e morrerem bravamente, num cenário de intensa dor e tristeza, mortos e feridos agonizantes, o rei lembrou-se do anel. Tirou-o e nele leu a inscrição:

ISTO TAMBÉM PASSARÁ

E ele continuou a sua luta. Venceu batalhas, perdeu outras tantas, e no fim saiu vitorioso.
Retornou então ao seu reino e, coberto de glórias, entrou em triunfo na cidade. O povo aclamava -o .
Nesse momento de êxito, ele lembrou-se de novo do seu velho e sábio pai. Tirou o anel e leu:

ISTO TAMBÉM PASSARÁ

Autor desconhecido

Da série "Parábolas"

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Parábolas - A carroça

A Carroça
book-words-skipping_iane machado

Certa manhã, bem cedo, o meu pai convidou-me para ir ao bosque para ouvir o cantar dos pássaros. Concordei, com grande alegria, e lá fomos nós. Ele deteve-se numa clareira e, depois de um pequeno silêncio, perguntou-me:
- Ouves alguma coisa além do canto dos pássaros?
Apurei o ouvido alguns segundos e respondi:
- Oiço o barulho de uma carroça que deve estar a descer pela estrada.
- Isso mesmo... É uma carroça vazia...
De onde estávamos não era possível ver a estrada e eu perguntei admirado:
- Como pode  saber que está vazia?
- Ora, é muito fácil saber. Sabes por quê?
- Não! respondi intrigado.
O meu pai pôs a mão no meu ombro e olhou bem no fundo dos meus olhos, explicando:
- Por causa do barulho que faz. Quanto mais vazia a carroça, maior é o barulho que faz.


Autor desconhecido

Da série "Parábolas"

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Parábolas - Sapinhos

Sapinhos

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Era uma vez um grupo de sapinhos que organizaram uma competição. O objetivo era alcançar o topo de uma torre muito alta.
Uma multidão juntou-se à volta da torre para ver a corrida e animar os competidores. A corrida começou. E, sinceramente, ninguém naquela multidão realmente acreditava que uns sapinhos tão pequenos pudessem chegar ao topo da torre.
Eles diziam coisas como: "Oh, é difícil DEMAIS! Eles NUNCA vão chegar ao topo.", ou ainda: "Eles não tem nenhuma hipótese de êxito. A torre é muito alta!"
E, de facto, os sapinhos começaram a cair. Um a um... Só alguns poucos continuaram a subir mais e mais alto.
A multidão continuava a gritar: "É muito difícil!!! Ninguém vai conseguir!"
Outros sapinhos cansaram-se e desistiram.

Mas UM continuou a subir e subir... Esse não desistia!
No final, todos os sapinhos tinham desistido de subir a torre. Com excepção do sapinho que, depois de um grande esforço, foi o único a atingir o topo!
Naturalmente, todos os outros sapinhos queriam saber como ele conseguiu.
Um dos sapinhos perguntou ao campeão como ele conseguira forças para atingir o objetivo.
Ao falar com ele, perceberam que o sapinho campeão era SURDO!!!


Autor Desconhecido

Da série "Parábolas"

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Parábolas - Construíndo pontes

Construindo Pontes

Dois irmãos que moravam em fazendas vizinhas, separadas apenas por um riacho, entraram em conflito.
O que começou com um pequeno mal-entendido, explodiu numa troca de palavras ríspidas, seguidas por semanas de total silêncio.
Numa manhã, o irmão mais velho ouviu baterem à sua porta.
- Estou à procura de trabalho. Sou carpinteiro. Talvez tenha algum para mim.
- Sim, disse o fazendeiro. Claro! Vê aquela fazenda ali, além do riacho? É do meu irmão mais novo.
Nós brigamos e não posso mais suportá-lo. Vê aquela pilha de madeira ali no celeiro? Pois use para construir uma cerca bem alta.
- Acho que entendo a situação, disse o carpinteiro. Mostre-me onde estão a pá e os pregos.
O irmão mais velho entregou o material e foi para a cidade.

O homem ficou ali, trabalhando o dia inteiro.
Quando o fazendeiro chegou, não acreditou no que viu: em vez da cerca, uma ponte foi construída ligando as duas margens do riacho. Era um belo trabalho, mas o fazendeiro ficou enfurecido:
- Você foi atrevido construindo essa ponte depois de tudo que lhe contei!
Mas, ao olhar novamente para a ponte, viu o seu irmão se aproximando de braços abertos. Mas permaneceu imóvel do seu lado do rio. O irmão mais novo então falou:
- Você realmente foi muito amigo construindo esta ponte mesmo depois do que eu lhe disse.
De repente, o irmão mais velho correu na direção do outro e abraçaram-se no meio da ponte.
O carpinteiro começou a fechar a sua caixa de ferramentas.
- Espere, fique conosco! Tenho outros trabalhos para si!
E o carpinteiro respondeu:
- Eu gostaria muito, mas tenho outras pontes a construir...

Autor Desconhecido

Da série "Parábolas"

sábado, 19 de outubro de 2013

Parábolas - O cavalo no poço

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O cavalo no poço


Um rico fazendeiro que possuía alguns cavalos utilizados na execução de diversos trabalhos na sua fazenda, proporcionando-lhe bons lucros, foi avisado pelo capataz que um de seus melhores animais tinha caído num velho e profundo poço abandonado.

De imediato, e apreensivo pela iminente possibilidade de prejuízo, o fazendeiro correu ao local para avaliar a situação. Usando cordas, desceu ao local onde estava o seu valioso animal, constatando com alegria que o cavalo não estava ferido, apenas muito assustado com a queda.
No entanto, essa alegria logo desapareceu, quando descobriu que a operação para resgate do animal tinha muitas dificuldades e um custo muito elevado.
Decidiu então que seria mais vantajoso sacrificar o cavalo ali mesmo no buraco onde tinha caído. Tomou então a decisão de que seria mais adequado encher o poço de terra, porque assim eliminaria também a possibilidade de novos acidentes. O trabalho foi iniciado e, com rapidez, os empregados da fazenda, comandados pelo capataz, começaram a atirar terra para dentro do poço para enterrar o cavalo.
Entretanto, algo inusitado aconteceu. O cavalo, que era um excelente animal, não estava disposto a morrer passivamente, entregando seu destino às decisões alheias. Estava em situação crítica, no fundo do poço, e só lhe atiravam terra por cima. Mas estava determinado a encontrar uma saída e acreditar na vida.
Assim, enquanto ele se sacudia para se livrar da terra que lhe atiravam ao dorso, repentinamente, após algum tempo, para sua surpresa, notou que com aquele seu gesto de sacudir a terra, ele estava a subir, pois a terra acumulava-se  no fundo do poço, e subindo para cima dela, ele estava a conseguir sair do poço.
Depois de certo tempo, para surpresa geral dos homens que lhe atiravam terra, emergiu à superfície, soberbo e triunfante, ainda sacudindo do dorso as últimas pás de terra que lhe foram atiradas.

Da série "Parábolas"

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Parábolas - rei sem dentes

Rei sem dentes

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Um rei sonhou que tinha perdido todos os dentes. Quando despertou, mandou chamar um sábio para interpretar o sonho.

- Que desgraça, senhor! – exclamou o sábio – Cada dente caído representa a perda de um parente de Vossa Majestade.

Enfurecido, o rei chamou os guardas e ordenou que aplicassem cem chicotadas no homem.

Mandou depois que trouxessem outro sábio à sua presença e contou-lhe o sonho, que lhe disse:

- Grande felicidade vos está reservada, Alteza. O sonho significa que havereis de sobreviver a todos os vossos parentes.

Imediatamente, a fisionomia do rei se iluminou num sorriso, que mandou dar cem moedas de ouro ao sábio.

Quando o homem saiu do palácio, um dos cortesãos disse-lhe  admirado:

- Não é possível! A interpretação que você fez foi a mesma feita por seu colega. Não entendo por que ao primeiro ele pagou com cem chicotadas e a si com cem moedas de ouro.


- Lembre-se, meu amigo – disse o sábio – tudo depende da maneira de dizer…

Da série "Parábolas"

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Parábolas - O pote rachado

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 Um carregador de água na Índia levava dois potes grandes, ambos pendurados em cada ponta de uma vara, a qual ele carregava atravessada no pescoço. Um dos potes tinha uma rachadela, enquanto o outro era perfeito e sempre chegava cheio de água ao fim da longa jornada entre o poço e a casa do chefe. O pote rachado chegava apenas pela metade. 
Foi assim durante dois anos, diariamente, o carregador entregava um pote e meio de água na casa de seu chefe. Claro, o pote perfeito estava orgulhoso das suas realizações.  Porém, o pote rachado estava envergonhado da sua imperfeição, e sentindo-se miserável por ser capaz de realizar apenas a metade do que tinha sido designado para fazer.  
Após perceber que por dois anos havia sido uma falha amarga, o pote falou com o homem um dia, à beira do poço:  
- Estou envergonhado, quero pedir-lhe desculpas. 
- Por quê?, perguntou o homem. - De que estás envergonhado?
- Nesses dois anos eu fui capaz de entregar apenas metade da minha carga, porque esta racha no meu lado faz com que a água vaze por todo o caminho desde a casa do seu senhor. Por causa do meu defeito, você tem que fazer todo este trabalho, e não ganha o salário completo pelos seus esforços, disse o pote. 
O homem ficou triste pela situação do velho pote, e com compaixão falou:
- Quando voltarmos para a casa do meu senhor, quero que percebas as flores ao longo do caminho.  
De facto, à medida que eles subiam a montanha, o velho pote rachado notou flores selvagens ao lado do caminho, e isso deu-lhe ânimo. Mas no fim da estrada, o pote ainda se sentia mal porque tinha vazado metade da água, e de novo pediu desculpas ao homem pela sua falha. Disse o homem ao pote: 
- Notaste que pelo caminho só havia flores no teu lado do caminho??? Notaste ainda que a cada dia, enquanto voltávamos do poço, as regavas??? Durante dois anos eu pude colher flores para ornamentar a mesa do meu senhor. Se não fosses como és, ele não poderia ter essa beleza para dar graça à sua casa.

Autor desconhecido


Da série "Parábolas"

domingo, 13 de outubro de 2013

Parábolas - A Casa dos Mil Espelhos


O livro "o que podemos aprender com os gansos", de Alexandre Rangel, apresenta-nos várias parábolas, no sentido de nos fazer reflectir e de nos ajudar nos conflitos e problemas existentes no meio laboral.

Nos próximos dias, deixarei aqui algumas delas, as que por uma por uma ou outra razão, mais me chamaram a atenção.

A interpretação e reflexão de cada uma delas, deixo-as a cada um de vós que ler.



A CASA DOS MIL ESPELHOS


Tempos atrás num distante e pequeno vilarejo, havia um lugar conhecido como a Casa dos Mil Espelhos.  Um pequeno e feliz cãozinho soube deste lugar e decidiu visitá-lo. Quando lá chegou, saltitou feliz escada acima, até à entrada da casa.
book-words-skipping_iane machadoentrada da casa.
Olhou através da porta de entrada com suas orelhinhas bem levantadas e a cauda balançando tão rapidamente quanto podia. Para sua grande surpresa, deparou-se com outros mil pequenos e felizes cãezinhos, todos com as caudas balançando tão rapidamente quanto a dele. Abriu um enorme sorriso, e foi correspondido com mil enormes sorrisos. Quando saiu da casa, pensou:
"- Que lugar maravilhoso! Voltarei sempre aqui, um montão de vezes."
Neste mesmo vilarejo, um outro pequeno cãozinho, que não era tão feliz quanto o primeiro, decidiu visitar a casa. Escalou lentamente as escadas e olhou através da porta. Quando viu mil olhares hostis de cães que o olhavam fixamente, rosnou e mostrou os dentes e ficou horrorizado ao ver mil cães rosnando e mostrando-lhe também os dentes. Quando saiu, ele pensou:
"- Que lugar horrível, nunca mais volto aqui."

Da série "Parábolas"
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