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sábado, 3 de novembro de 2012

Mudar o Mundo / To change the world

Atlas, it's time for your bath, Woodleywonder


“Aos 20 anos só queremos mudar o Mundo, aos 30 só já queremos mudar o sofá.”

Ouvi esta frase já há muito tempo e, não sei bem porquê, a minha memória repescou-a.
E, como não podia deixar de ser também, a minha memória fez flashback.
Aos 20 anos? Não tinha ainda sofá para mudar, embora o tenha comprado durante a década que se seguiu.
Mudar o Mundo? Sim, suponho que também o queria mudar. Não ao estilo Bill Gates ou Mark Zukemberg, ou mesmo ao estilo activista do Greenpeace, mas tinha visões de mudança. Sempre vi a mudança essencialmente como uma mudança de mentalidade, que me parecia necessária a vários níveis. Não vou aqui falar dessas perspectivas, porque muito haveria por dizer.
Aos 30… e três, não tenho planos quanto à mudança do sofá. Talvez mudar as almofadas, mas não mais que isso.
Quanto a mudar o Mundo, parece-me uma tarefa cada vez mais difícil.
Antes de se mudar o Mundo, há que mudar os Mundos que nos rodeiam, e, penso que terei interiorizado essa ideia. Mas acabei por perceber que todos querem mudar o Mundo. À sua imagem. Porque todos acham que o seu Mundo é o melhor. Que os Outros estão errados. Que o amarelo que os Outros usam é feio. Ainda que o amarelo que envergam seja tão, mas tão parecido.
Daí que a viagem se tenha começado a virar cada vez mais para mim própria. E que o Mundo que sou eu tenha mudado. Por força das circunstâncias, porque aprendemos a adaptar-nos, a escolher as nossas lutas, porque não as podemos ganhar todas e, na realidade, nem todas são nossas.
E devemos a nós mesmos utilizar as nossas energias no que de facto vale a pena.
Ainda me pergunto se tenho mudado para melhor ou para pior…
Mas, no fim de contas, interessa que preservemos aquilo que é a nossa essência, aquilo de que não podemos abdicar, sem, inevitavelmente, deixarmos de ser nós próprios. Ainda que isso signifique gostar de azul. Porque se todos gostassem do amarelo, que seria do azul? Não haveria céu para contemplar…
E, afinal, ainda espero mudar o Mundo…? Talvez… Se não, porque estaria a escrever tudo isto?

“Apenas precisamos de:
Serenidade para aceitar o que não pode ser mudado,
Coragem para mudar o que pode ser mudado e
Sabedoria para distinguir uma da outra.”

*.*.*.*

"At 20 years we only want to change the world, at 30 years old all we want is to change the couch."

I heard this phrase a long time ago and, I don’t know why, my memory caught it back.
And of course, my memory flashbacked.
At 20? I had no couch to change, although I bought one during the decade that followed.
Change the World? Yes, I suppose I also wanted to change it. Not in the Bill Gates’s or Mark Zukemberg’s style, or even in the style of a Greenpeace activist, but I had visions of change. The way I saw change was essentially as a change of mentality, that seemed necessary at several levels. I will not speak here of that, because there would be much to say.
At 30... three, I have no plans to change the couch. Perhaps change the pads, but not more than that.
As to change the world, it seems to me like an increasingly difficult task.
Before we change the world, we must change the worlds that surround us, and I think I have absorbed this idea. But I came to realize that everyone wants to change the world. At its own image. Because everyone thinks their World is the best. That Others are wrong. That the yellow Others use is ugly. Although that yellow is so very, very similar to their’s.
Hence, the trip has begun to turn increasingly to myself. And so the Me world has changed. Due to circumstances, because we learn to adapt ourselves, to pick our fights, because we can’t win them all, and in fact, not all are ours.
And we owe ourselves to use our energies in that which is in fact worth it.
I still wonder if I have changed for better or for worse...
But, in the end, what matters is that we preserve our essence, that we can not let go without inevitably stop being ourselves. Even if it means to like blue. Because if everyone liked the yellow, what would it be of blue? There would be no sky to look at...
And, after all, do I still hope to change the world...? Maybe... If not, why would I be writing this?

"We just need:
Serenity to accept what can not be changed,
Courage to change what can be changed and
Wisdom to recognize one from another. "

22 comentários:

  1. Isa, acho que todos, já pensámos que queríamos mudar o mundo, mas o problema é que não passa dum pensamento, não fazemos nada para que isso aconteça.E para mudar o mundo teríamos que mudar as mentalidades,mudar pessoas, e será que estamos dispostos a mudar-nos a nós mesmos??
    (Neste Domingo cinzento, estou com demasiada preguiça para mudar até a almofada do sofá :))

    Beijinho

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  2. .

    .

    . isa,,, .

    .

    . atualmente . o mundo encontra-se numa severa . permanente e irreversível mudança . pelo que . a nossa "zona de conforto" . encontra.se . irremediavelmente . em perigo constante . sendo uma zona de confronto . isso sim . :( .

    .

    . [.grato pela visita.] . :) .

    .

    . um beijo meu .

    .

    .

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  3. e porque a li, já mudei alguma coisa

    para melhor

    antes que não consigamos sequer, sair do sofá

    :)

    um abraço

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    Respostas
    1. Espero conseguir sempre sair do sofá...Que não percamos a vontade de o fazer...!

      Beijo

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  4. Não sei se ainda tenho esperanças de mudar o mundo, provavelmente não. Hoje, adapto-me apenas ao mundo como ele é.

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  5. Mudar o mundo é umacoisa que acabamos por fazer...todos nós e de forma involuntária.
    Cada um de nós e cada gesto nosso tem repercurssões mundiais. Não são visiveis imediatamente.
    É tudo uma questão de ser englobado no social e visto duma forma mais global.
    Tens razão no mantermos a nossa autenticidade, o que nos torna únicos.
    Que nos restará sem tal?

    Beijinho

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  6. Podes sempre mudar o mundo de alguém!


    beijinho :)

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  7. Levo alguma vantagem... Só aos 60 comecei a querer mudar apenas de sofá :-)
    E, mesmo assim, ainda acredito que poderia mudar o mundo se tivesse quem me ajudasse...
    Beijinho

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  8. penso que há uma idade em que todos, mesmo todos, acreditamos que vamos mudar o mundo, ou pelo menos ajudar a mudá-lo, até que um dia...., um dia reparamos que afinal é o mundo que nos muda a nós...

    beijos

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  9. Muito interessante. Com o tempo vamos encolhendo alguns dos nossos sonhos no sofá...Lindo. beijinhos

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    1. A vantagem de os sonhos ficarem encolhidos no sofá, é que sabemos sempre onde os reencontrar...

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  10. Numa entrevista o Manuel António Pina disse:
    Quando somos novos queremos mudar o mundo, agora só quero que o mundo não me mude a mim.

    Bem podemos não mudar o mundo, mas tentamos: sempre!
    Beijinho

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    Respostas
    1. Obrigada por partilhares essa frase, Laura: em poucas palavras, diz tudo o que me ia na alma quando escrevi este texto!

      Beijo

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  11. Que lindo texto Isa?... Achei-o soberbo e levou-me a reflexionar pensando... Por qual razão aos vinte somos, quase todos, levando por ímpeto querendo mudar o mundo, e depois, com mais idade, os sentimentos mudam? Será por que, o próprio mundo nos mostra que não ainda querer mudá-lo? É, talvez! Sei lá?...
    Abraço.

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  12. Isa,
    Acredito que o Mundo com um M maiúscula muda de acordo com as pessoas que o compõe. Se todos mudar-mos o nosso pequeno mundo para nos sentir-mos em equilíbrio com os outros sem desnaturar o que somos, o Mundo girará melhor.
    Bola reflexão.
    Dulce

    PS: mudei o sofá aos 30...

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  13. Parafraseando Saramago "procuro viver de forma a não envergonhar a criança que fui", e não me tenho dado mal.
    :)

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  14. Minha querida

    Que não teve vontade de mudar o mundo, mas depois o tempo passa e as pessoas têm outras prioridades.
    Uma boa reflexão neste texto.

    Um beijinho com carinho
    Sonhadora

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  15. Apesar de não ter respondido a todos individualmente, a todos agradeço o terem-me lido e o terem deixado a vossa opinião, que muito enriqueceu esta minha pequena reflexão!

    Beijos

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  16. Por acaso acredito que o mundo precisa de uma grande mudança, mas quando penso nessa mudança ou quando se fala em acreditar que se é capaz de mudar o mundo, essa mudança remete-me sempre para uma mudança mais espiritual e comportamental em relação ao mundo/planeta e em relação às relações que as pessoas têm entre si. Nunca penso em mudanças subjectivas, como passar do amarelo ao azul, isso é mais uma imposição.

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