Oh, Oh, Oh!
Olá, meninos adultos!!
Lembram-se de mim? Não, não estou a falar da figura no centro
comercial, ou nos filmes de Hollywood ou impressa nos papéis de embrulho para o
Natal…
Pergunto se se lembram de mim, o pai Natal, aquele a quem
escreviam cartas a pedir um presente, o que estacionava o trenó no telhado e
descia pela chaminé abaixo. O velhinho das barbas, eu mesmo!
Eu sei que alguns de vocês se lembram de mim. Vocês, que sorriem
quando vêm as luzes de Natal a acenderem-se. E vocês, que voltam a ser crianças
quando fazem a árvore de Natal e enquanto escolhem os enfeites. E vocês, que ao
oferecerem presentes no Natal, sentem aquele calor no coração, igual ao que eu
sinto na noite de Natal.
A vocês, eu poderia escrever, mas eu sei que vocês sabem que eu
vos visito todos os Natais, e que vos deixo algo para afagar esse espírito que
têm no coração. E vocês sabem também que estão dentro do meu coração.
Na realidade, esta carta é para os meninos adultos que já não se
lembram de mim e, especialmente, para aqueles que nunca me escreveram.
Talvez alguns de vocês já se achem grandes demais para acreditar
no Pai Natal e por isso não queiram perder tempo com todas essas coisas.
Bom, confesso-vos que isso me deixa um bocadinho triste… Porque
o vosso lado criança é uma das melhores coisas que existem dentro de vocês. Não
se lembram como eram felizes quando podiam ir brincar ou quando acreditavam que
criaturas mágicas se escondiam no vosso jardim ou no vosso quarto? Lembram-se
do que sentiam no Natal quando ouviam o “Oh, Oh, Oh”? Bem sei que agora há a
azáfama toda, a correria para comprar todas as prendas antes do dia 24 –
algumas no dia 24 – a preocupação a olhar para o extrato do Multibanco antes de
ir comprar a seguinte. E depois, ainda falta comprar a comida para a ceia de
Natal e preparar tudo. E, e, e…
E se parássemos só por um bocadinho? Pergunta-te: porquê toda
essa preocupação? Não podes comprar o presente caro que querias? A pessoa a
quem ias comprar vai ficar triste? Tu ficarás triste? Porquê? Já te
perguntaste? Experimenta, pelo menos este ano, uma coisinha: compra o presente
que podes comprar, mas compra algo que sabes que a outra pessoa vai gostar.
Pode até ser algo simples. Se não puderes comprar, faz-lhe algo. Aposto que vai
ser uma prenda ainda mais especial.
E, acima de tudo, não te esqueças do mais importante de tudo: ao
ofereceres o presente, acompanha-o de um abraço sincero? sentido.
Se não puderes comprar ou fazer m ais nada, esse pode até ser o
único presente. Pode parecer-te pouco. À outra pessoa pode também parecer pouco
a princípio. Mas… e se eu disser que esse presente irá deixar uma marca mais
duradoura que qualquer um que possas embrulhar? Parece-te estranho, eu sei. Mas
porque não tentas? Mas tenta de coração aberto, de outra forma não me darás
oportunidade de mostrar que tenho razão.
Peço-te apenas um pequeno acto de fé. E nem é em mim, é em ti.
Depois me dirás… Ou não digas, se não o quiseres. Guarda o que
sentires para ti. Mas depois não te esqueças desse pequeno fogo que te aqueceu
o coração. E busca-o no resto do ano. Chama-o tantas vezes quantas as que
quiseres e conseguires…!
Talvez no próximo ano já acreditem um pouco mais em mim. Ou
talvez não. Mas eu ficarei feliz se já acreditarem um pouco mais em vocês!
Vou aproveitar ainda esta carta para falar também com outros
meninos-adultos. Aqueles que não gostam das prendas que recebem e que, por
isso, já desitiram de mim.
Entendo que às vezes seja frustrante pedir uma coisa e receber
outra. Mas, sabem, eu gosto de dar prendas úteis. Úteis no sentido de ajudarem
a conseguir algo – que devem sempre ser vocês a conseguir – ou no sentido de
vos ensinarem algo.
Sei que não é assim que se entendem alguns presentes, à primeira
vista. Mas agora que leram esta revelação, digam-me lá se, olhando para trás,
não receberam presentes que traziam estas benesses atrás?
É esse o meu desafio: da próxima vez que receberem algo de que
não gostem tanto, perguntem a vós mesmos o que pode aquele presente ensinar-vos
ou trazer de bom, ao fim de um tempo!
E, finalmente, ainda há quem, por vezes, receba o famoso pedaço
de carvão. Pois é, parece um presente pequeno, inútil e sem graça. Ainda por
cima é associado aos meninos que se portam mal. Mas eu tenho a dizer-vos que
não é essa a intenção. Eu não quero castigar-vos. O pedaço de carvão é apenas
uma mensagem… Se um pedaço de carvão está apagado e sem vida, também é verdade
que ainda não é cinza. E que com um pedaço de calor e um pouco de fogo, voltará
finalmente à vida e ele próprio a produzir fogo e calor. E assim são também
vocês. Assim somos todos nós, com o potencial de sermos chama viva. É esse o
desafio que vos deixo, caso encontrem um pedaço de carvão no sapatinho: que o
reavivem com a vossa luz. E não me digam que não a têm, porque têm! Pode até
estar diminuída e mal se ver, mas não está extinta. E basta um pequeno sopro
para que ela se reavive.
E isto vale para todos vocês, meninos-adultos. Mesmo para os que
não receberam carvão. Nunca se esqueçam da vossa luz!
E para que ela se fortaleça, já acendi a luz do Natal e mando-a
para todos, para que ilumine o vosso coração e lá viva durante todo o ano!
Feliz Natal!
S. Nicolau
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Desejo
a todos um Feliz Natal e uma passagem de ano a adivinha um excelente ano novo!
Da
minha parte, volto em 2015! :)
Este
texto foi também publicado nos Instantâneos a preto e branco. para quem segue os
dois blogs, pelo desculpa pela repetição, mas quis mesmo dar voz ao velhinho de
barbas brancas! ;)