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Atlas, it's time for your bath, Woodleywonder |
“Aos 20 anos só queremos mudar o Mundo, aos 30 só já queremos
mudar o sofá.”
Ouvi esta frase já há muito tempo e, não
sei bem porquê, a minha memória repescou-a.
E, como não podia deixar de ser também, a
minha memória fez flashback.
Aos 20 anos? Não tinha ainda sofá para
mudar, embora o tenha comprado durante a década que se seguiu.
Mudar o Mundo? Sim, suponho que também o
queria mudar. Não ao estilo Bill Gates ou Mark Zukemberg, ou mesmo ao estilo
activista do Greenpeace, mas tinha visões de mudança. Sempre vi a mudança
essencialmente como uma mudança de mentalidade, que me parecia necessária a
vários níveis. Não vou aqui falar dessas perspectivas, porque muito haveria por
dizer.
Aos 30… e três, não tenho planos quanto à
mudança do sofá. Talvez mudar as almofadas, mas não mais que isso.
Quanto a mudar o Mundo, parece-me uma
tarefa cada vez mais difícil.
Antes de se mudar o Mundo, há que mudar
os Mundos que nos rodeiam, e, penso que terei interiorizado essa ideia. Mas
acabei por perceber que todos querem mudar o Mundo. À sua imagem. Porque todos
acham que o seu Mundo é o melhor. Que os Outros estão errados. Que o amarelo
que os Outros usam é feio. Ainda que o amarelo que envergam seja tão, mas tão
parecido.
Daí que a viagem se tenha começado a
virar cada vez mais para mim própria. E que o Mundo que sou eu tenha mudado.
Por força das circunstâncias, porque aprendemos a adaptar-nos, a escolher as
nossas lutas, porque não as podemos ganhar todas e, na realidade, nem todas são
nossas.
E devemos a nós mesmos utilizar as nossas
energias no que de facto vale a pena.
Ainda me pergunto se tenho mudado para
melhor ou para pior…
Mas, no fim de contas, interessa que
preservemos aquilo que é a nossa essência, aquilo de que não podemos abdicar,
sem, inevitavelmente, deixarmos de ser nós próprios. Ainda que isso signifique
gostar de azul. Porque se todos gostassem do amarelo, que seria do azul? Não
haveria céu para contemplar…
E, afinal, ainda espero mudar o Mundo…?
Talvez… Se não, porque estaria a escrever tudo isto?
“Apenas precisamos
de:
Serenidade para aceitar o que não pode ser mudado,
Coragem para mudar o que pode ser mudado e
Sabedoria para distinguir uma da outra.”
*.*.*.*
"At 20 years we only want to
change the world, at 30 years old all we want is to change the couch."
I heard this phrase a long time ago and, I don’t know why, my memory caught
it back.
And of course, my memory flashbacked.
At 20? I had no couch to change, although I bought one during the decade
that followed.
Change the World? Yes, I suppose I also wanted to change it. Not in the
Bill Gates’s or Mark Zukemberg’s style, or even in the style of a Greenpeace
activist, but I had visions of change. The way I saw change was essentially as
a change of mentality, that seemed necessary at several levels. I will not
speak here of that, because there would be much to say.
At 30... three, I have no plans to change the couch. Perhaps change the pads,
but not more than that.
As to change the world, it seems to me like an increasingly difficult
task.
Before we change the world, we must change the worlds that surround us,
and I think I have absorbed this idea. But I came to realize that everyone
wants to change the world. At its own image. Because everyone thinks their World
is the best. That Others are wrong. That the yellow Others use is ugly.
Although that yellow is so very, very similar to their’s.
Hence, the trip has begun to turn increasingly to myself. And so the Me
world has changed. Due to circumstances, because we learn to adapt ourselves,
to pick our fights, because we can’t win them all, and in fact, not all are
ours.
And we owe ourselves to use our energies in that which is in fact worth
it.
I still wonder if I have changed for better or for worse...
But, in the end, what matters is that we preserve our essence, that we
can not let go without inevitably stop being ourselves. Even if it means to
like blue. Because if everyone liked the yellow, what would it be of blue?
There would be no sky to look at...
And, after all, do I still hope to change the world...? Maybe... If not,
why would I be writing this?
"We just
need:
Serenity to accept what can not be changed,
Courage to change what can be changed and
Wisdom to recognize one from another. "