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Foto: Isa Lisboa |
Costumava ir com a minha mãe cortar um pinheirinho para o Natal, e depois apanhar musgo para fazer o presépio. Inevitavelmente voltava destas aventuras com a roupa um pouco molhada e com as mãos impregnadas de terra e resina. Mas com o meu sorriso de criança bem aberto.
Seguia-se a colocação da árvore no sítio mais bem escolhido. As luzes, as fitas de Natal com muitas cores, bolas e sinos brilhantes, uma estrela de papelão colorido.
Depois, espalhava o musgo pelo chão, juntava os pedaços num puzzle perfeito. Precisava de um manto verde extenso, o espaço parecia ser sempre curto para colocar todos os participantes do presépio. A cabana onde colocava o berço, com uma estrutura improvisada cada ano, e coberta com os pedaços de musgo mais bonito. Aos Reis Magos, juntavam-se o pastor, com as suas ovelhas brancas, o pescador ao lado de uma ponte... e se existia uma ponte, era preciso retirar um pedaço de musgo para transformar um simples plástico azul ou um velho espelho num rio. Ao fundo, o castelo, que estava num monte, também ele construído com o que existia à mão, e coberto por musgo, mantendo o efeito. A ligar estas personagens, umas mais improváveis que outras, um caminho de neve, inventado com produtos da despensa lá de casa.
As prendas aconchegavam-se ao lado da árvore. Sentia uma imensa curiosidade infantil que me levava a pegar nas prendas, sentir o formato, abaná-las. Tentava perceber o que se escondia dentro do papel de fantasia, mas nunca abria as prendas antes do tempo. Gostava da antecipação, deste pequeno jogo de adivinhação.
Lembro-me bem deste pequeno combate que travava com a minha curiosidade, com a vontade de descobrir o mistério. E do cheiro a terra molhada, não o cheiro a terra molhada do verão, a terra molhada que vinha agarrado ao musgo e o cheiro a pinhal que ficava na minha sala. Tudo isso dava mais brilho ao conjunto.
Lembro-me do aroma dos fritos de abóbora, a minha missão em criança era a de adoçá-los com canela e açúcar, que misturava meticulosamente, procurando a dose certa de cada um. E lembro-me do cheiro do café, que ainda não podia provar. Anos depois, apenas gostava daquele café com os doces de Natal.
São estas recordações que ainda me fazem gostar tanto do Natal, ainda que já use menos fitas e que o meu presépio seja agora mais pequeno. Mas só os acessórios de Natal diminuíram. Continuo a enfeitar o cantinho da minha sala - agora no meu apartamento da cidade - com o mesmo sorriso de antes, com a mesma ansiedade para ligar as luzes e vê-las a piscar, a mostrar que o Natal vem aí. Continuo a misturar a canela com o açúcar...
É talvez a lembrança da Felicidade pura de quando somos crianças. Mas também a Felicidade que ainda consigo ver nos adultos nesta altura.
É uma altura em que as pessoas são mais solidárias, mais disponíveis para estar um pouco com os outros. Dizem alguns que nesta altura todos fazem num mês o que deviam fazer durante todo o ano, e que é uma época de consumismo. Sim, isso também é verdade, mas ainda vejo o espírito verdadeiro de Natal em algumas pessoas. Ainda existem pessoas que sabem que um abraço, um sorriso, uma mão, um ombro, uma palavra simpática, valem infinitamente mais que um presente embrulhado. E é isso que faz o Natal e é por isso que gosto genuinamente desta altura do ano.
E em cada noite de Natal, mesmo agora já crescida, consigo por um momento lembrar-me daquela criança loira, sentada no chão, a olhar para as luzes de Natal a piscar, simplesmente e apenas feliz.
Deixo aqui o meu simples desejo de Natal: que nos lembremos de como uma pequena luzinha nos pode fazer felizes, nem que seja apenas por uma noite.
Um Bom Natal para todos, e muitas Felicidade para 2012.
Muito especialmente a todos aqueles que, por existirem na minha vida, fazem do Natal e, especialmente, de cada dia, uma ocasião especial.
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I used to go out with my mother and cut a pine tree for Christmas , and then get some moss to the Crib. Inevitably I would came back from these adventures with my ckothes somewhat wet and my hands full with dirt and resin. But with with my children's smile wide open.
Next, I would have to place the tree in the best spot. The lights, the Christmas ribbons with lots of colours, brifgt spheres and bells, a star made of colourfull cardboard.
Then, I would spread the moss on the floor, gathering the pieces in a perfect puzzle. I needed a big green cloth, the space always seemed too short to put all the participants in the Crib. The shed where I placed the cradle, with an improvised structure every year, and covered with the most beautifull pieces of moss. The Magicians Kings, would get be acompanied by the shephard, with his white sheeps, the fishermen beside a bridge...and if there was a bridge, then I would need to take a piece of moss out, in order to turn a simple piece of blue plastic or an old mirror into a river. Further away, the castle, in a hill, that one also built with the material at hand, covered with green, keeping the effect. Connecting this carachters, some more unlikely than others, a snow path, made up with the products from the house storeroom.
The presents were place beside the tree. I felt an enourmous childhood curiosity that lead me to take the presents, feel it's shape, shake them. Trying to figure out what was hidden inside the fantasy paper, but I would never open the presents before time was up. I enjoyed the antecipation, this small divination game.
I remenber this small fight I would have with my curiosity, with the will to find the mistery. And the smell of wet land, not the onde in the sommer, but the wet land on the moss and the smell of pine tree left in my living room. All this would make the set glow. I remember the smell of pumpkin fried sweets, my mission as a child was to sweeten them with cinnamon and sugar, ingredients I would mix carefully. And I remember the smell of coffee, I could not taste yet. Years later, I only enjoyed that coffee with those Christmas sweets.
These are the memories that still make enjoy Christamas so much, eventhough with less ribbons and that my Crib is now smaller. But the Christmas acessories have decreased. I still make the Christmas tree in my corner - now in flat in the city - with the same smile as before, with the same anxiety to turn on the lights and see them blink, showing that Christmas is coming. I still mix the cinnamon with the sugar...
Perhaps this feeling is about the memories of pure Happiness, when we are children. But also the Happiness I can still see in grownups at this point.
People become more solidary, more available to be with eachother. Some say that at this time of the year, everyone does what they should have done during the year, that this is a time of consumerism. Yes, thar is also true, but I can still see the real Chistmas spirit in some people. Some people know that a hug, a smile, a hand, a shoulder, a nice word, are infinetly more valuable than a wrapped present. That's what makes Christmas and that's why I genuanly like this time of the year.
And in each Christmas Eve, even now all grown up, I can - for a moment - remember about that blonde child, seaten on the floor, looking at the Christmas lights blinking, simply and just... happy.
Here's my simple wish for Christmas: let us remember about how a small little light can make us happy, even that it is only for one night.
A Merry Christmas to everyone, and all the Happiness in 2012.
Specialy to all those who, for being a part of my life, make Christmas and, specially, each day, a special occasion.
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