12/11/2011. Há 20 anos, aconteceu um massacre em Dili, Timor Leste. As pessoas que deram as suas vidas nesse dia, foram, talvez sem o saber, mais que soldados caídos. Soldados, porque mesmo empunhando apenas cartazes e a sua voz de protesto, lutavam numa guerra, talvez a guerra mais motivadora de todas, a guerra pela independência e liberdade.
Mas mais que soldados, porque a sua morte colocou Timor no mapa. No mapa dos povos que precisavam de ajuda.
Eu tinha 12 anos na altura, não sabia quem era aquelas pessoas, não sabia que existia uma ditadura na Indonésia, não sabia que Timor havia sido invadido e queria ser independente.
Mas vi que a onda de solidariedade foi enorme, do cidadão anónimo que se reunia em vigílias por Timor, até às vozes que podiam ser ouvidas internacionalmente. Portugal defendeu uma causa e ajudou.
Ajudou, Timor é livre, continua a consolidar-se e definir-se como Povo, Estado e Nação.
Mas atrevo-me a dizer, não sei se injustamente, talvez, que a maioria dos portugueses também não sabia, até àquele dia, o que se passava em Timor.
Foi necessário um acontecimento desta magnitude, para chamar a atenção para o sofrimento de um povo, para a sua luta.
Talvez seja mesmo assim, por vezes não vemos o que está à nossa volta, ou mesmo ao nosso lado, não conseguimos ver além da cortina que se vai tecendo à frente dos nossos olhos. E é necessário um abanão para vermos com mais clareza. Mas depois do abanão, há a oportunidade de reconstruir. E isso só depende de cada um.
E depois de 20 anos... penso...ainda bem que ainda existem pessoas que acreditam que é possível mudar o mundo...!
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12/11/2011. 20 years ago, there was a massacre in Dili, Esat Timor. The people who gave their lives that day were, perhaps without knowing it, more than fallen soldiers. Soldiers, because even though they only carried flags and their protest voices, they fought in a war, maybe the most motivating wars of all, the war for independence and freedom.
But more than soldiers, because their deaths placed Timor in the map. In the map of those people who needed help.
I was 12 years at the time, I didn't know who were those people, I didn't know there was a dictatorship in Indonesia, I didn't know Timor had been invaded and wanted to be independent.
But I saw that the wave of solidariety was huge, from the anonymous citizens gathering in watches for Timor, to the voices who could be heard internationaly. Portugal stood up for a cause and helped.
Helped, Timor is free, still consolitating as People, State and Nation.
But, I dare say, maybe being unfare, that most portuguese people didn't know either, until that day, what was happening in Timor.
It was necessary a big event like this, to call attention to the suffering of this people, to its struggle.
Maybe that's the way it is, sometimes we don't see what's around us, or even by our side, we cannot see behond the curtain that weaves in front of our eyes. And we need a shake to to see more clearly. But after that shake, there is an opportunity to rebuild. And that is up to each one of us.
After 20 years... I think... I'm glad there's still people who believe it is possible to change the world.